Flávio Dino, Presidente da Embratur |
Nos próximos anos, 600 mil turistas novos entrarão no país, para acompanhar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Dependendo da maneira como forem recebidos, poderão ser 600 mil propagandistas ou 600 mil críticos espalhando suas opiniões pelas redes sociais.
Essa a preocupação maior de Flávio Dino (PCdoB), presidente da Embratur.
Apesar da formação jurídica, Dino se destacou por preocupações gerenciais em várias áreas. Como juiz federal de direito, foi dos primeiros a adotar modernas formas de gestão em sua vara. Essa experiência ajudou-o a montar o sistema de estatísticas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Dino considera que o país vive alguns paradoxos. Nunca se viajou tanto, de entrada e de saída. 2011 registrou dois recordes: o de número de estrangeiros entrando no país (5,5 milhões) e o recorde de divisas (US$ 6,7 bilhões). Na outra ponta, a saída de divisas – com viagens de brasileiros ao exterior – bateu em US$ 20 bi. Só o déficit na conta turismo consumiu metade do superávit comercial brasileiro. Parte devido ao câmbio favorável (ao turista brasileiro), parte devido à melhoria de renda do brasileiro.
O desafio a que Dino se propõe é transformar o turismo em tema nacional. Hoje em dia, a atividade corresponde a 3,6% do PIB. São números crescentes e um enorme potencial de geração de emprego e renda. O momento é de construir uma agenda que use as janelas de oportunidade da Copa e das Olimpíadas.
O maior ganho (ou perda) do país será o pós-evento: o saldo de imagem que ficará depois da festa. Para tanto, a preocupação maior não serão as obras – que sairão de qualquer modo, mas a maneira como os turistas serão recebido e, também, o custo interno do turismo.
No planejamento da Embratur, as duas prioridades serão, primeiro, garantir maior equilíbrio no balanço do turismo; segundo, garantir competitividade para o produto turístico brasileiro.
O trabalho está sendo montado em torno de três eixos:
Promoção: publicidade, mídia digital e relações públicas, voltadas aos mercados considerados mais propícios: 17 países prioritários, os 15 maiores emissores de turismo, mais México e Canadá. Hoje em dia há maior compreensão sobre a importância da América do Sul para o turismo brasileiro. Apesar da globalização, os fluxos turísticos são fundamentalmente intrarregionais: o turismo do México depende dos EUA; o de Cuba, do Canadá; e o da Europa, dos europeus. EM 2010, apenas 46% do turismo externo brasileiro era originário da América do Sul, contra 85% do turismo norte-americano no México e 83% dos europeus na Europa.
Apoio à comercialização: existem linhas de crédito do BNDES para hotelaria. A novidade será o apoio aos vôos charters, para diversificar portões de entrada e pluralizar oferta.
Competitividade propriamente dita. Apesar do câmbio ser um fator de pressão, há outros pontos que precisam ser levantados, como a desoneração tributária, diz Dino. Sua intenção é incluir o turismo no Plano Brasil Maior lançado para setores exportadores.
A Câmara do Turismo
Depois de incluir a atividade no Brasil Maior, conseguir medidas para parques temáticos, turismo receptivo, hotelaria. Por exemplo, isenção para a aquisição de rodas gigantes e outros equipamentos temáticos, não fabricados no país. Para articular o plano, pretende montar uma modelo parecido com a câmara automotiva, reunindo todos os setores representativos da atividade.
Estratégia digital
No caso dos voos charters, a ideia será abrir um edital para estados que formatam seus programas. Os recursos servirão para os estados negociarem com as operadores de voo. A parte mais relevante das verbas publicitárias será para aplicativos no Facebook, que permitam aos operadores de turismo apresentar suas ofertas. Para apoio local, serão montados 13 escritórios em vários países.
Fonte: Luis Nassif Online
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