Desgovernança e 400 anos de São Luis
Reviver precisa de vida |
No limite dos 400 anos São Luis, a única capital fundada por franceses, cidade dos azulejos imperiais portugueses, patrimônio cultural da humanidade, terra de “lendas e mistérios”, fontes e sobrados, do bumba-meu-boi e todo um berço de poemas e romances, ou seja, “Atenas brasileira”. Terra aguerrida onde expulsou franceses e holandeses, terra da primeira insurreição contra a Coroa portuguesa, enfim muitas e muitas “glórias do passado”.
Infelizmente todo esse elenco de caracteristicas e especificidades estejam perdendo seu encanto e suas belezas. O povo alegre e vibrante anda lívido, apático, desolado, “olhando para o lado e para chão”. Razões para tal conduta, não é preciso muito esforço para se saber, só uma breve folheada no catalogo da cidade e a notoriedade da paisagem se desnuda em sua volta.
A antropofagia nas ruas e avenidas de São Luis é real e concreta.
. As crianças são encarceradas, pois ruas outrora tranqüilas dos bairros surgem agora um destrutivo transito que transforma o dia a dia de moradores em reais calvários. Sem falar nas restrições ao se andar a pé e de bicicleta de maneira segura por medo do trânsito. A loucura da guerra ronda as ruas da cidade.Na saúde, os Socorrões parecem hospitais militares haitiano. Faltam materiais básicos, remédios, além das instalações físicas em ruínas. As escolas são piores que as de Oliver Twist. A estrutura urbanística o cenário é apocalíptico, o arruamentos chega a padrões de áreas bombardeadas em Cabul. Aglomerados Mogadíscio. Bancarrota!
Nos Integrações quando chega um ônibus, é similar um caminhão da ONU em Verdadeiros campos de concentração em céu aberto.
Hoje em São Luis temos muitos mais 1 milhões de habitantes, 600 mil passageiros por dia. A frota de veículos em 300 mil. "Cracolândias" surgindo por todo lugar. 70% dos jovens desempregados. Milhares de pessoas sofrendo por falta d'água. A fome e a miséria são tratadas como eventos perenes e normais, ou seja, é a naturalização da pobreza. A cada esquina de São Luis, a perversidade do excluído é latente. Marginais e come-cola a torta e a direito. Corrupções em licitações (seu doutorado). É o pior exemplo de postergação pela comunidade que pode oferecer o João Castelo.
A política urbana da PMSL é tão idiota que se resume à realização de médios e megaeventos e pela realização de investimentos de renovação de áreas urbanas degradadas. A explicação mais plausível para tais tragédias que assola a nossa improvisada cidade é o padrão catastrófico de gestão urbana capitaneada por Castelo que reproduz a precariedade e a pobreza urbana. Mas, minha irresignação maior é que ninguém quer governar de São Luis.
São Luis sofre com a desgovernança, ou seja, políticos de todos os cunhos ideológicos, partidos políticos, movimentos sociais, sindicatos, entidades de classes e uniões de moradores, ninguém quer discutir, debater, decidir, saber as causas dos problemas, ou seja, se conformaram com o estado de doença terminal infecciosa. É a velha máxima “foi sempre assim, é sempre assim e vai ser assim. Com essa quadra João Castelo deita e rola, está do jeito que gosta estado que foi criado, de laissez-faire.
Ainda ninguém se pronunciou. Nem a Direita e nem a Esquerda. Até os idiotas falastrões metidos os intelectuais de esquerda, que a Ufma está cheia. Parece-me que paira uma nuvem negra sobre o horizonte da cidade. O que vejo ridículos projetos de aridez atacamiana de “São Luis 400 anos" deve ter uns cem, com visão "romântica francesa". Não sei se isso representa uma situação de atraso ou um prenúncio do futuro.
Como Geógrafo Urbano, sei que não há receita de bolo para tais dilemas. Entrementes os conhecidos e terríveis problemas da nossa cidade precisam ser entendidos como partes fundamentais de uma questão nacional. É mister um Novo Projeto de Desenvolvimento de envergadura de “Grande Metrópole” .Concomitante de um novo modal de governança municipal exercido pelo poder público e pelos atores sociais reconfigurando os mecanismos e os processos de tomada de decisões, o que faz emergir um novo regime de ação pública, descentralizado, no qual são criadas novas formas de interação entre prefeitura e sociedade.
Para isso ocorrer deve-se fazer uma verdadeira limpeza nas veias e artérias do aparelho municipal de administração. Eliminar todas, sem exceções, as teias de aranhas e obsoletas mentes cancerígenas que corroem nossa cidade.
Por fim, 2012 teremos a oportunidade de eleger uma nova administração em São Luis quatrocentona. Onde seu capitão possa além de novo rosário de idéias progressistas e revolucionárias. Olhar São Luis como cidade nacional, metropolizada, integrada na rede urbana mundial, de progresso e futuro. Ter o compromisso e a altivez de uma gestão em paradigmas de governança democrática lastreada por 3 fundamentos nodais que julgo ser essenciais: maior responsabilidade do governo municipal em relação às políticas sociais e às demandas dos seus cidadãos; o reconhecimento de direitos sociais a todos os cidadãos; a abertura de canais para a ampla participação cívica da sociedade.
Roberto César Cunha
Geógrafo Urbano pela UFMA
robertoujsma@hotmail.com
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