“Roberto Setúbal ironiza política do
governo por mais crédito ao público: "Árvores não crescem até o céu";
após demitir 7.728 bancários em 12 meses e lucrar R$ 3,4 bi no primeiro
trimestre, reclama da vida de banqueiro: "Os lucros são nominalmente
altos, mas a rentabilidade não"; na tevê, garoto propaganda Luciano Huck
diz que o Brasil mudou e o Itaú também; assim?
De terno e gravata, em seu gabinete ou em
palestras ao mercado, o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, tem-se
mostrado um dos mais reticentes, entre os grandes banqueiros do País, em apoiar
e praticar a política do governo de baixar juros, reduzir margens de lucro e
ampliar os empréstimos ao público. Na contramão da política de crescimento, a
instituição que ele preside demitiu 7.728 sete mil funcionários nos últimos
doze meses, nas contas das entidades de classe dos bancários, e, sempre que pode,
o próprio Setúbal lança farpas de ironia sobre os incentivos oficiais a um novo
momento no setor. "O crédito não vai mais subir no ritmo de 30% ao
ano", determinou Setúbal, na quarta-feira 20, em palestra. "Árvores
não crescem até o céu.
A mesma crueza não se vê nas frases de
outra face pública do Itaú, o garoto propaganda Luciano Huck, de camisa
laranja. Na publicidade da tevê, o eterno rapaz diz que o Itaú é um banco dos
novos tempos, que reconhece que o Brasil mudou e que está mudando junto. Um banco
feito para ajudar, alinhado, aparentemente, com a direção que os últimos
governos vêm apontando para a sociedade. Uma propaganda de fundo político,
assim. Na vida real ditada por Setúbal, no entanto, esse apoio é de todo
complicado. "Empréstimo exige capital e capital precisa ser remunerado. O
problema não está nas margens grandes", afirmou ele em sua palestra na
quarta, fazendo, nitidamente, uma defesa dos 'grandes' spreads, que é como são
chamadas as diferenças entre o preço de captação de dinheiro de um banco e o
valor que este mesmo banco cobra para emprestar a seus clientes. "Há
pressões por todos os lados", reconheceu, sobre o movimento do governo e
da sociedade contra os altos spreads. "No fim, a racionalidade vai
prevalecer".
Em defesa de seu lucro de R$ 3,4 bilhões no
primeiro trimestre deste ano, não daria para o presidente do Itaú dizer que se
tratou de pouco dinheiro, mas ele deu um jeito de reclamar do resultado.
"Os lucros são nominalmente altos, mas não a rentabilidade", acentuou.
Diante da discrepância entre o que o Itaú
prega em suas propagandas com Huck e a estratégia que revela com Setúbal, vale
sempre perguntar qual das caras do Itaú é a que realmente vale.”
Fonte: Blog Brasil! Brasil!
Nenhum comentário:
Postar um comentário