quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Brasil está em 80º em ranking de igualdade de gênero com 145 países


Por Najla Passos, na Carta Maior

Mesmo após eleger sua primeira presidenta, o Brasil ainda ocupa uma posição nada cômoda no ranking mundial de igualdade de gênero: o 80º lugar de 145 países pesquisados. Segundo o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), divulgado nesta quarta feira (2) pelas Nações Unidas junto com o IDH, apenas 9,6% dos assentos nos parlamentos brasileiros, federal e locais, são ocupados por mulheres. A média mundial é de 19%. Em compensação, o Brasil é um dos sete países, de um total de 150, em que o chefe de Estado eleito é uma mulher.

Na Suécia, país que lidera o ranking da igualdade de gênero, a taxa de assentos femininos no parlamento é de 45%. Em Andorra, pequeno país europeu fincado em meio aos montes Pirineus, é de 53,6%, a maior do mundo. Em contraposição, no Iêmen, considerado o mais desigual em questão de gênero, só 0,7% das mulheres ocupam cargos públicos. Em países como Qatar, Arábia Saudita, Estados Federados da Micronésia e Ilhas Salomão, nenhuma mulher detém representação política.

As maiores desigualdades de gênero se verificam na África Subsariana, provocada pela disparidade de gênero na educação e pelas altas taxas de mortalidade materna; na Ásia do Sul, onde as mulheres ficam atrás dos homens em todas as dimensões; e no mundo árabe, afetado pela participação desigual da mulher na força de trabalho e na educação. “As oportunidades econômicas e a capacitação das mulheres permanecem profundamente limitadas”, afirma o estudo.

O estudo revela as mulheres brasileiras têm escolaridade superior à dos homens: 48,8% delas têm ao menos o ensino secundário completo, contra 46,3% deles. Mas eles pesam mais do que elas na composição da força de trabalho.

Na Suécia, campeã da igualdade de gênero, número semelhante de mulheres e homens cursou o ensino secundário (87%) e participa do mercado de trabalho. O mais desigual do planeta nesse quesito é o Iêmen, onde três vezes mais homens terminaram o secundários e estão no mercado de trabalho.

Das futuras mães brasileiras, 97% fazem pelo menos um exame pré-natal e o mesmo percentual têm seus partos assistidos por profissionais competentes. Na Holanda, segundo país do ranking, 100% dos partos são assistidos por profissionais. No Iêmen, 47% das mulheres fazem pelo menos um pré-natal e 36% são assistidas por profissionais durante o parto.

A taxa de fertilidade brasileira é de 1,8 filho por família, percentual abaixo, por exemplo, do registrado pelo país de maior IDH do mundo, a Noruega, que registra, em média, dois filhos por família. A Suécia, que está no topo da lista de IDG, registra 1,9 filhos por família. No Iêmen, a taxa de natalidade é de 4,9 filhos por família.

A taxa de mortalidade materna contribui de forma substancial para a desigualdade de gênero em todo o mundo. Nos 20 países com menor IDG, fica em cerca de 327 mortes por 100.000 partos. A taxa de fertilidade adolescente chega a 95 nascimentos por mil mulheres dos 15 aos 19 anos. A média global é de 157 mortes (metade) em partos e 49 nascimentos (menos da Meade), por cada mil adolescentes.

O IDG passou a ser utilizado na confecção do RDH desde o ano passado. Trabalha com três dimensões: saúde reprodutiva, empoderamento e participação no mercado de trabalho, sustentados por cinco indicadores: taxa de mortalidade materna, taxa de fertilidade na adolescência, educação secundária, percentual de assentos nos parlamentos e participação no mercado de trabalho.

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