Sob o silêncio sorridente de São Paulo, a patrulha de choque enfim voltou a ocupar o campus da USP.
Nostálgicos fascistas e servis ressentidos riem satisfeitos ao verem aqueles estudantes vagabundos sendo colocados em seu devido lugar: a cadeia!
Sim, porque na memória desta gente estúpida, acostumada com a chibata, quem é estudante (somente estudante) é à toa e vagabundo.
As gentes de São Paulo foram forjadas no sofrimento das roças, fábricas e na desolação do pau de arara. Nada é mais valorizado nesta cidade triste e infeliz do que os projetos individuais.
Qualquer atitude de mobilização coletiva e de solidariedade ideológica é vista como uma ameaça ao “paulista way of life”.
Há anos, São Paulo é dirigida por uma “velhocracia” infeliz que odeia a vida, por isso odeia também a cultura, o conhecimento, a arte, o ócio e a democracia.
São Paulo odeia as diferenças. Mas também odeia a igualdade.
Se o Bush fosse paulista seria eleito governador vitalício!
A população de São Paulo deve estar orgulhosa de sua Polícia Militar corajosa. Seiscentos valentes policiais prenderam sessenta estudantes desarmados.
Filhinhos de papai maconheiros, dirão os Datenas e Afanasios.
Mas se o nosso glorioso governo do estado decidiu ser rigoroso contra o consumo de entorpecentes, porque não “invade” também a cracolândia para oferecer algum tipo de alternativa para aqueles zumbis mortos vivos que agonizam em via pública.
Enquanto a polícia vive o seu “Dia D” para ocupar a Cidade Universitária, centenas de bairros vivem reféns da violência urbana, sem direito a policiamento ostensivo.
E não são somente os bairros pobres que vivem com medo da violência. O Morumbi, mais rico de todos, tem sua população seqüestrada por bandidos de verdade. Os moradores se manifestam, mas a polícia de São Paulo, no seu glorioso dia 08 de Novembro de 2011 decidiu enviar um contingente de guerra para defender a ordem pública destes moleques subversivos.
Ouvi diferentes argumentos, contra e a favor da ocupação da reitoria da USP. Confesso que a maioria dos que eu ouvi eram contra. Mas não importa. Estes garotos e garotas hoje se tornam heróis nesta cidade dos forrozeiros universitários, sertanejos universitários que se entretém fazendo “rodeios de gordas” e outros estúpidos preconceituosos que sequer conseguem olhar além de seus inundados umbigos.
Quem comemora a ocupação da USP pela polícia de certo não compreende o constrangimento que foi a presença do aparato repressivo do Estado nos anos de Ditadura Militar, perseguindo e torturando estudantes e professores que ameaçassem o regime com sua produção intelectual.
E quer saber? Eu acho que a ditadura foi bem sucedida em sua missão. Os militares conseguiram emburrecer ainda mais o Brasil. Estamos cada dia mais estúpidos e bestas.
A presença da Polícia Militar na USP não vai ajudar em nada o problema da violência. Simplesmente porque ela é incapaz de resolver a questão em parte alguma desta cidade carente e mal amada.
Fonte: Blog do Rafael Castilho
Colaboração: Cido Araújo
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