Livre depois de 15 dias na prisão, o blogueiro de oposição russo Aleksei Navalny usou sua conquistada fama para promover um protesto antigoverno, pedindo que “pessoas por todo o país” registrassem sua raiva contra o Rússia Unida, partido do primeiro-ministro Vladimir Putin, que pretende disputar a presidência nas eleições de março.
“Nestas eleições, a estratégia é muito simples: votem em qualquer partido, menos no de ladrões e trapaceiros”, disparou.
Ao ser solto de madrugada e sob tempestade de neve, Navalny deu uma coletiva instantânea na rua para os repórteres que aguardavam sua saída. “[Putin] não será um presidente legítimo. O que acontecerá no dia 4/3, se acontecer, será uma sucessão ilegal ao cargo”, atacou. Ele recebeu um buquê de rosas brancas de um grupo de pessoas que gritava seu nome. O blogueiro, no entanto, desviou das questões sobre suas próprias intenções políticas.
Protestos
Navalny foi preso depois de ajudar a liderar o primeiro protesto público contra as eleições parlamentares em dezembro. Monitores nacionais e internacionais afirmaram que a votação foi marcada por fraudes. Ele foi preso por desobediência de ordem policial e ficou na prisão enquanto os protestos continuavam – incluindo um na Praça Bolotnaya, não muito longe do Kremlin, que atraiu 50 mil pessoas.
É difícil medir o tamanho da influência de Navalny, mas ela claramente está em crescimento. O número de seguidores do seu perfil no Twitter ultrapassa 160 mil – ele ganhou mil seguidores por cada dia que esteve na prisão. No seu primeiro post depois de ser solto, o blogueiro afirmou que a Rússia é um país mudado e que a corrente da história virou contra Putin e o Kremlin. Enquanto estava preso, ele disse ter ouvido a cobertura dos eventos em Moscou e no mundo pelo rádio e ter visto policiais reunindo mais camas, aparentemente antecipando prisões em massa. Mas o protesto do dia 11/12 foi pacífico e, mesmo com grande presença policial, não houve detenções.
Mesmo com suas declarações de que todos deveriam protestar no dia 24/12, não está claro se os líderes da oposição aproveitarão para manter mais manifestações em curso. Muitos dos manifestantes são profissionais de classe média que não são politicamente ativos. A liderança é composta de grupos diferentes – incluindo comunistas, nacionalistas, social democratas, liberais ocidentais e grupos religiosos. Os grupos têm em comum a causa – de protestar contra as eleições e pedir por reformas governamentais –, mas ainda há muita dissonância entre eles. Não se sabe se Navalny terá a habilidade de unir tais forças.
Fonte: Observatório da Imprensa
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