quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Elas não vão ao ginecologista


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Impossível fugir do assunto. Creio que nunca mais vou parar de falar nisso. E o motivo é basicão: importante, importantíssimo. E começo contando uma conversa recente com minha mãe sobre saúde, visitas regulares a médicos, informação. Ela falou de uma amiga que sofre uma série de sintomas que a deveriam levar a um especialista. Mas, não. Não quer saber de médico, não se importa; ou foge, nega, toca a vida normalmente (!). Diante do meu espanto, minha mãe emendou com esta: “Minha filha, você sabe de nada. Conheço muita mulher da minha idade que nunca foi a um ginecologista; e nem vai.” Mamãe tem quase 80 anos.

Mesmo fazendo autoexame regularmente, quando descobri que estava com câncer, soube também que ele era bem grandinho, longe do que é esperado num diagnóstico precoce. E as providências urgentes permitiram livrar-me dele logo nas primeiras sessões de quimioterapia. Sem entrar na questão da dificuldade de acesso a tratamentos pela população de baixa renda, ao ouvir a assertiva da minha mãe consegui entender, finalmente, que as campanhas de prevenção são pra lá de necessárias, porém estão longe de alcançar resultados realmente satisfatórios. É duro dizer isso, mas muitas mulheres ainda morrem de câncer por opção. “Elas não querem, não sabem, sei lá, às vezes até sabem, mas não estão a fim de ir atrás de tratamento”, minha mãe completou.

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