Por José Dirceu:
Na noite de ontem, estudantes secundaristas tomaram as praças do Chile em defesa do ensino superior gratuito. Organizaram uma criativa maratona de beijos, chamada "besatón" (beijaço), em protesto contra o novo plano educacional anunciado, nesta semana, pelo presidente Sebastián Piñera, de viés privatista. "Precisamos de milhões de beijos por uma educação pública gratuita no país", explicam os jovens nas redes sociais.
Ontem, os jovens tomaram as praças de Valparaíso (em frente ao Congresso Nacional), Arica, Iaquique, Antofagasta, La Serena, Concepción, Valdivia e Puerto Montt. Na semana passada, mais de 200 mil estudantes realizaram passeatas na capital chilena, em um dos maiores protestos recentes do país. Hoje está programada uma nova manifestação em Santiago, capital chilena.
No cerne dos protestos, encontra-se a luta pela universidade gratuita. No Chile, desde os tempos de Augusto Pinochet (1973-1990), as universidades públicas e privadas são pagas e seu acesso é muito caro - em torno de US$ 400 a US$ 800 - para as famílias de classes média e baixa.
Fundo de US$ 4 bi
O novo plano educacional prevê a criação de um fundo para o setor universitário de US$ 4 bi e a ampliação de bolsas, além de incentivos para linhas de créditos. As medidas, porém, não são suficientes, de acordo com os jovens chilenos que, segundo o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa), possuem um dos melhores desempenhos educacionais da região.
Com baixos índices de popularidade no país - 35%, o menor índice do período democrático -, o presidente Piñera afirmou ser contra a universidade gratuita. "Alguém disse que deveríamos estatizar nosso sistema educativo. Mas sou contra porque sou a favor da qualidade do ensino", justificou.
ProUni na mira do ministro chileno
Para Germán Quintana, líder estudantil da universidade Federico María, mesmo com as medidas anunciadas no plano educacional de Piñera, "as universidades continuam sendo negócio privado, dificultando acesso dos mais pobres". Já Victor Pérez, reitor da Universidade do Chile, ressaltou a importância do plano para "retomada do diálogo" entre os reitores e o governo. "Esperamos que se cumpra a lei que diz que as universidades devem ser instituições sem fins lucrativos", afirmou.
Segundo a imprensa local, o ministro da Educação do país, Joaquín Lavín, já tem programada uma viagem ao Brasil para conhecer melhor o funcionamento do ProUni, lançado pelo governo Lula.
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