A Vale do Rio Doce é uma das maiores empresas, a primeira ou a segunda empresa mineradora do mundo. E o único setor com o qual o Brasil se sentava na cadeira principal para discutir os problemas do mundo era, exatamente, o do minério, com a Vale do Rio Doce, porque ela tinha uma credibilidade e tinha uma força muito grande.De repente, não mais do que de repente, a título de iniciar um processo de privatizações, a Vale do Rio Doce foi vendida por 3,5 bilhões. Nós temos, no Rio Grande do Sul, uma empresa, a Companhia Estadual de Energia Elétrica, conhecida como CEEE. Ela produz energia a partir do carvão.
Embora, no mundo inteiro, o carvão apareça com cerca de 8%, 9%, 10% do percentual do total da produção de energia - porque não pode ficar só na hidrelétrica - é preciso ter opções, até porque na natureza, lá pelas tantas, as águas diminuem, e o carvão é garantido. O carvão, no Brasil, está no Rio Grande do Sul. Sempre tenho dito que se o carvão estivesse em São Paulo, há muito que nós teríamos uma série de indústrias carboníferas; mas, como está no Rio Grande do Sul: zero.Então, dentro desse contexto, a Vale do Rio Doce tinha todas as condições de avançar e ser a grande alavanca do desenvolvimento brasileiro. Não ia adiante, não progredia - até acho que era verdade. Mas, daí a privatizar, eu não sei. Mas não é privatizar, é dar de graça.Essa CEEE a que me referi - a Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul -, o governador Antônio Britto privatizou 40% por R$ 4 bilhões; 40% da Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul, a CEEE, que é considerada o maior abacaxi energético do Brasil, foi vendida por R$ 4 bilhões e a Vale do Rio Doce toda ela foi vendida por R$ 3,5 bilhões, dinheiro fornecido pelo BNDES.Aliás, foi um célebre escândalo em que o ministro inclusive renunciou, depois de um debate desta tribuna, quando ele veio e não tinha resposta. Numa reunião realizada no gabinete do ministro com a direção da Vale do Rio Doce, com o presidente do BNDES, eles ali decidiram inclusive para quem vender, que seria entregue a fulano de tal. E foi o que aconteceu. Hoje essa empresa está valendo R$ 100 bilhões, é a que mais tem crescido, a que mais tem se desenvolvido no mundo. Será que é um milagre fantástico? Será que os oito anos do governo Fernando Henrique tinham fracassado tanto, reduzido? Quando não tinha nenhum aloprado, ele tinha desmoralizado.
Como estaria a Vale do Rio Doce hoje nas mãos dos aloprados?Mas nos oito anos em que ela esteve na mão de Fernando Henrique ela não estava nas mãos de aloprados, estava nas mãos de gente competente da social democracia. E o presidente Fernando Henrique doou a Vale do Rio Doce para os atuais proprietários.E de repente, não mais do que de repente, ela aparece como a empresa que mais cresceu; passou a Petrobrás! É maior do que a Petrobrás. É a empresa no mundo que mais está investindo.O que se tem que salientar é o pronunciamento feito ontem dessa tribuna pelo senador do Pará, que afirmou que a Vale do Rio Doce hoje está investindo mais no exterior do que no Brasil; que a Vale do Rio Doce está tendo mais lucro no exterior do que no Brasil.E, lá no Pará, os setores com os quais ela deveria trazer desenvolvimento, em termos de energia, para o Pará e para o Brasil, estão parados, porque a Vale está investindo no exterior, está preferindo investir no exterior a investir no Brasil. Então, não sei, mas acho que se a Vale do Rio Doce estivesse nas mãos nacionais no momento atual, em que o Brasil se apresenta como o grande líder dos países em desenvolvimento, ela seria uma grande aliada nossa.
Agora, o que é mais doloroso...A Vale do Rio Doce é hoje uma empresa transnacional que age em termos mundiais; não é uma empresa brasileira como a Petrobrás, que trabalha para o Brasil. Ela é uma empresa transnacional que busca lucro em tudo quanto é lugar.São R$ 100 bilhões que os proprietários têm e o Brasil vendeu por R$ 3,5 bilhões. Hoje ela vale R$ 100 bilhões. Devemos eleger presidente da República esse presidente? Será que ele é tão genial que fez um crescimento tão grande em três anos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário