terça-feira, 19 de julho de 2011

Malafaia x Homossexuais no programa do Ratinho.


Do blog do Hermes Fernandes 
 
Assisti pelo Youtube à atuação do Pr. Silas Malafaia no programa do Ratinho recentemente. Como ele mesmo confessou, seu estilo é bem parecido com o do apresentador. Poderíamos até dizer que Silas é uma espécie de Ratinho Gospel. Não tem papa na língua e gosta de ver o circo pegar fogo.

O que achei? Sinceramente? Um desserviço à causa.

Primeiro, ali não era o lugar para se debater com seriedade um assunto tão complexo. A produção do Ratinho certamente escolheu Silas por saber de seu temperamento, ingrediente indispensável para um circo de horrores como o promovido pelo programa. Achei-o deselegante com sua oponente. Já tive a oportunidade de debater com ele várias vezes em duas emissoras no Rio de Janeiro. Ele não consegue se calar nem no intervalo. Sua fama foi construída em cima disso.

Apesar de polêmico (mais por seu temperamento do que por suas posições), Silas é extremamente conservador, e não consegue manter um diálogo em alto nível. Mas infelizmente é isso que o povão gosta.

Não consigo imaginar Jesus Se prestando a um papel desses. Jesus nunca bateu boca com ninguém. E Ele jamais participaria de uma campanha contra o direito de quem quer que fosse. O tipo de posicionamento defendido por Silas só faz aumentar o abismo entre a igreja evangélica e os homossexuais. Que vantagem há nisso? Como poderemos evangelizar um grupo contra o qual nos manifestamos? Em vez disso, deveríamos estar defendendo seus direitos, angariando sua simpatia e confiança, e assim, revelando-lhes o amor transformador do nosso Deus. Sem imposições, sem histeria, sem mania de perseguição, mas com mãos estendidas em vez de dedo à riste.

Quem, afinal, teria ganho aquele debate? É claro que a maioria do povo evangélico vai dizer que foi Silas. Mas sabe quem perdeu? Todos nós. Silas tornou-se numa referência caricata da igreja brasileira.

E o pior de tudo é que por trás de toda esta vociferação contra a PL 122 há uma não confessável intenção política. Os políticos evangélicos (que até agora não mostraram a que vieram!) precisam garantir a próxima eleição. Nada melhor do que tocar terror no povo, usando o tal projeto de lei como o carro abre-alas.

Essa estória de que as igrejas serão obrigadas a casar gays é conversa fiada. O mesmo projeto de lei é contrário a qualquer tipo de discriminação religiosa. Pode-se "condenar" a pobreza sem com isso discriminar o pobre. Pode-se "condenar" o alcoolismo sem discriminar o alcoólico. O mesmo se aplica aos homossexuais. Se um determinado credo reprova o comportamento homossexual, não quer dizer que seus seguidores discriminem homossexuais.

Que vergonha... deveríamos estar do lado deles, condenando a homofobia, e assim, escancarando a porta para que tivéssemos acesso aos seus corações. Em vez disso, colocamo-nos ao lado de seus algozes. A igreja cristã que produziu homens como Martin Luther King, Jr. que defendeu com o preço de sua própria vida os direitos civis, agora produz homens intolerantes que almejam, em nome de um projeto político, conduzir a igreja de volta à idade das trevas. Foi este tipo de posicionamento intolerante que provocou a morte das bruxas de Salém, a Inquisição, o Apartheid.

Infelizmente, nosso povo tem memória curta. Semanas atrás, todos repudiavam a teologia da prosperidade pregada por Silas ao lado de seu mentor Morris Cerullo. Agora, por uma causa com motivações duvidosas, Silas voltou a ser quase unanimidade entre os evangélicos.

Espero que o povo de bom-senso acorde para isso, reveja seus conceitos, e se posicione contrário a qualquer tipo de manipulação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário