terça-feira, 13 de junho de 2017

A dança de rato dos tucanos



Por Michel Zaidan*

Não é a primeira vez que os tucanos (os políticos do PSDB) ensaiam desembarcar de um governo prestes a ser afastado, por denúncias de corrupção, improbidade administrativa, obstrução a Justiça e outras coisas mais. O partido que se constituiu à esquerda do velho PMDB, com a proposta de ser uma agremiação socialdemocrata e dar um choque de modernidade ao capitalismo brasileiro, tornou-se hoje uma caricatura grosseira (e medonha), de um agrupamento de oligarcas, com um fino verniz de sofisticação, dotado de um apetite despudorado por cargos, recursos e zonas de influência na política governamental brasileira.

0 alter ego desse partido é hoje o Banco Itaú que, aliás, financiou a compra da reeleição de FHC, segundo a amante do ex-presidente tucano. E que tem sido amplamente beneficiado pelo governo. Que o diga o negócio do Nióbio, em Minas Gerais, quando o playboy era governador e seu primo (hoje preso,) presidente da Cemig.

Criado para ser um partido de centro-esquerda no espectro político do país, o PSDB tornou-se o partido do mercado financeiro, auferindo seus parlamentares muitos benefícios dessa espécie de "advocacia administrativa" da banca no Congresso Nacional.

Quando se apresentou a possibilidade do "impeachment" de Fernando Collor de Melo (de quem os tucanos herdaram a agenda política), foram eles os últimos a abandonarem o barco, juntamente com o ex-senador Marco Maciel, que se autonomeou "funcionário da governabilidade", naquele momento. Na verdade, FHC estava prestes a ser nomeado por Collor Ministro das Relações Exteriores. Quando se deram conta que era inevitável o afastamento de Fernando Collor de Melo, saíram "à francesa", bem devagarinho, do governo colorido.

Não é à toa a dança de rato que os tucanos estão fazendo agora, com o sai-não-sai do governo temeroso. Toda hora surge a data do desembarque, e a saída é adiada mais para frente. Nesse momento, fala-se da espera pela denúncia contra Michel Temer na iminência de ser formulada pelo STF/PGR, com base nos áudios da JBS. Estão atrás de uma desculpa para ensaiar o desquite, enquanto vão ficando no governo, mantendo os ministérios e seus foros privilegiados até o fim.

Não se iludam: essa turma não vai "largar o osso" assim tão fácil. Até porque seus ministros estão na Lava-jato e dificilmente terão alguma chance de vitória nas próximas eleições. Os tucanos acham que podem mergulhar na lama, com imunidades políticas. Sujar as mãos com luva de pelica. Estão enganados. O seu tempo político está se esgotando rapidamente nessa curse política, que perdura e se aprofunda. Nem uma escaramuça será capaz de livrá-los da dubiedade, conivência com este governo que está aí.

*Michel Zaidan - Cientista político da UFPE.





FONTE: Blog Brasil 247

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