terça-feira, 18 de abril de 2023

Mapa do Serviço Geológico do Brasil revela mais de 90 distritos auríferos existentes no país


As ocorrências de ouro no país têm potencial de impulsionar o desenvolvimento da economia brasileira. Em todo o território nacional, já foram mapeados 94 distritos auríferos aptos à exploração sustentável. O mapa com a localização das unidades geológicas que contém as mineralizações e a descrição de cada uma consta no Informe de Recursos Minerais - Províncias e Distritos Auríferos do Brasil, elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).

De acordo com o geólogo do SGB Gilmar Rizzotto, organizador do material, em quase todos os estados há ocorrências de tipos rochosos passíveis de extração de ouro. Isso se deve à formação geológica do território: 46% das terras são dominadas por rochas pré-cambrianas (com mais de 541 milhões de anos) que podem conter metais, com destaque para o ouro. “Há regiões do país com potencial maior, como Mato Grosso, Pará, Rondônia, Minas Gerais, Goiás e Bahia”, explica o geólogo.

Os outros estados com ocorrências de ouro, segundo o mapa elaborado pelo SGB, são: Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Roraima.

A capacidade para produção aurífera é uma vantagem econômica para o Brasil, considerando que “o ouro é uma das commodities mais valorizadas no mercado mundial”, contextualiza Rizzotto, acrescentando, ainda, que o metal nobre é fundamental na indústria em geral, na fabricação de celulares, carros e eletroeletrônicos.

O conhecimento geológico produzido pelo SGB, a respeito das províncias e distritos auríferos, é importante para embasar a tomada de decisões do setor mineral, subsidiar a escolha de áreas de pesquisa e alimentar modelos exploratórios sustentáveis. Ao apontar as áreas favoráveis para mineração, o SGB contribui para o aumento de investimentos privados no setor.

Conforme indicado no mapa, mais de um terço dos distritos auríferos estão na unidade geotectônica do Cráton Amazônico. São 32 distritos nas províncias auríferas de Parima, Surumu, Carajá, Tapajós, Juruena-Teles Pires, Rio Madeira e Alto Guaporé, que estão na região da Amazônia Legal. Só na província de Carajás, estão 10 distritos: Cinzento, Serra Pelada, Rio Novo/Curiunópolis, Igarapé da Bahia/Alemão, Aquiri-Liberdade, São Félix do Xingu, Tucumã-Gradáus-Cumaru, Sapucaia/Diadema, Andorinhas, Serra do Inajá, Sossego/Cristalino.

Há projetos promissores de pesquisa sobre ocorrência de ouro realizados pelo país, com destaque para Tocantizinho e Volta Grande, no Pará; Borborema, no Rio Grande do Norte; Posse, em Goiás; Santa Luz, na Bahia; Gurupi, no Maranhão; Almas, em Tocantins; e Matupá, no Mato Grosso. “Esses projetos, quando implementados, podem agregar cerca de 25 a 30 toneladas ao ano à produção brasileira de ouro, sem considerar os demais de menor porte e/ou em fase de análise inicial de viabilidade”, indica o relatório do SGB.

As informações sobre as províncias e distritos auríferos, reunidas pelo SGB, são provenientes do Banco de Dados Geológicos do SGB, e das atividades de pesquisa de diversos projetos de mapeamento geológico e de avaliação de recursos minerais. Os estudos foram realizados por pesquisadores do SGB e de outras instituições, como universidades.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A avaliação dos recursos minerais, realizada pelo SGB, está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas de números 8, 9 e 12.

Objetivo 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos.

Objetivo 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura : Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

Objetivo 12 – Consumo e produção sustentáveis: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Fonte:

Núcleo de Comunicação
Ministério de Minas e Energia
Governo Federalimprensa@sgb.gov.br

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Especialista avalia resultados do encontro entre Lula e Xi Jinping

Foto: Diário do Povo

Em entrevista exclusiva para o Portal da FMG, o professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, Ronaldo Carmona, avalia o recente encontro entre os presidentes do Brasil e da China.

Doutor pela Universidade de São Paulo (USP), Carmona defende a tese de que o Brasil deva apostar no multilateralismo. “O Brasil deve apostar na multipolarização, na existência de múltiplos polos de poder mundial; afinal, a diluição do poder mundial aumenta nossa margem de manobra e nossa liberdade de ação, diante do enorme desafio de enfrentar nossas enormes vulnerabilidades e adensar nossa autonomia”, explica Carmona.

1) Que balanço faz da viagem do presidente Lula à China, em especial, a pauta e os acordos firmados entre os presidentes dos dois países?

O balanço da viagem é positivo. O presidente Xi Jinping referiu-se ao presidente Lula como “um velho amigo da China”, o que não é gratuito, como se sabe, na liturgia chinesa, e Lula, por sua vez, declarou o interesse de que a relação transcenda a questão comercial, o que é correto, pois destoa de uma certa análise de setores no Brasil que argumentam que a boa relação com a China deriva apenas do fato do país asiático ser nosso maior parceiro comercial.

A questão vai muito além disso, Brasil e China devem dialogar numa ampla gama de questões do cenário internacional, inclusive as geopolíticas e de segurança internacional. De modo geral, deve o Brasil possuir relações de cooperação e, sobretudo, ter política e estratégia para todos os outros polos de poder mundial, China inclusive, tendo claro os limites, as potencalidades e muito claramente também os interesses envolvidos.

Foram assinados uma declaração sobre a parceria estratégica, uma outra sobre a questão climática, um total de quinze acordos bilaterais entre os governos nacionais dos dois países, além de diversos outros acordos entre empresas, governos estaduais e instituições brasileiras com suas congêneres chinesas em mais diversas áreas.

Destaco, em especial, a renovação da solidariedade brasileira a questão de Taiwan como parte da China – nossa posição tradicional desde 1974 -; esforços objetivos para ter parte importante do comércio bilateral em moedas nacionais (reais e reminbi), prescindindo do uso do dólar, para o qual, inclusive, se habilitaram dois bancos com base no sistema CIPS (alternativo ao Swift); acordos para acesso a mercado, removendo barreiras indevidas para exportações brasileiras, inclusive de carne bovina; e por fim, os acordos na área de ciência e tecnologia, muito relevantes.

2) Um setor, por ter natureza estratégica, de ciência, tecnologia e inovação, merece um exame especial. Como aquilata os acordos firmados nesta área ?



Atualmente o núcleo do confronto sino-americano se dá na corrida tecnológica em torno do seu domínio, tendo em vista o papel que elas terão no desenvolvimento das forças produtivas no próximo período histórico. Em algumas delas os chineses lideram, noutras os americanos estão na dianteira.

Pelo que se lê nos acordos divulgados, a cooperação sino-brasileira em CT&I concentra-se em três áreas: espacial, TICs e digitalização. Como são áreas de fronteira, de grande sensibilidade, ainda será preciso ver os detalhes: qual será o nível da cooperação, onde haverá efetivo intercambio de conhecimento e até mesmo transferência de tecnologia, e onde serão apenas investimentos ou mesmo, venda de produtos e sistemas tecnológicos. Claro que a expectativa é positiva, mas será preciso ver os desdobramentos.

A cooperação na área espacial tem sido bastante exitosa. O Programa CBERS, que vem do governo Sarney em 1988, é muito positivo. Mas será preciso dar um salto nessa nova etapa. Os detalhes ainda não foram divulgados, mas espero que a continuidade do Programa CBERS contribua com as necessidade de saltos tecnológicos que o Brasil precisa dar na área especial, os quais, contudo, obviamente dependem mais de decisões estratégicas endógenas do que da cooperação internacional.

3) No atual contexto de transição de hegemonia no sistema de poder mundial, na sua ótica o que seria mais adequado aos interesses do Brasil: manter equidistância entre o polos de poder ou dar ênfase à parceria com a China?

O Brasil, por seu porte, dimensão e potencial, precisa ter projeto próprio. Costumo dizer que somos grandes demais para ser parte do projeto de outros. Nosso desafio nesse momento é redesenhar nossa “grande estratégia” tendo em vista um mundo com aceleradas e múltiplas mudanças – e isso não é figura de retórica.

O Brasil deve apostar na multipolarização, na existência de múltiplos polos de poder mundial; afinal, a diluição do poder mundial aumenta nossa margem de manobra e nossa liberdade de ação, diante do enorme desafio de enfrentar nossas enormes vulnerabilidades e adensar nossa autonomia.

Como disse, a cooperação com a China pode ser muito positiva nessa nova fase, mas os brasileiros precisam ter claro que eles tem seus próprios interesses nacionais, os quais, podem ou não coincidir com os do Brasil. Toda relação entre grandes países envolve, por definição, uma dualidade, de cooperação, mas também de interesses.

Também com os norte-americanos nós temos setores da sociedade brasileira com eles encantados: à direita, como se viu recentemente com os discípulos de Steve Bannon e à esquerda, com a turma da “Open Society” de George Soros. Ambos personagens promotores da desestabilização do Brasil por meio da guerra híbrida.

Um país do porte do Brasil, com os interesse exógenos envolvidos para enquadrá-lo, não pode ter uma postura geopolítica ingênua.

4) Como analisa a política externa do governo Lula? Pelo realizado até agora pode-se afirmar que reforça o caminho para o desenvolvimento soberano? Em particular, como avalia os posicionamentos sobre a guerra na Ucrânia?

Amanhã desembarca em Brasilia, o chanceler russo Lavrov, algo bastante significativo.

O Brasil não é parte da guerra e a posição do presidente Lula nesse sentido tem sido muito clara.

As causas profundas da guerra derivam da tentativa norte-atlanticista, isto é, da OTAN, proclamada desde a vitória do bloco norte-ocidental ao final da guerra fria, de impedir o ressurgimento de grandes potencias que ameaçassem sua hegemonia. A expansão da OTAN para o Leste, teve este sentido, de cerco militar à Rússia, que viu nisso, uma ameaça existencial, deflagrando a guerra, há pouco mais de um ano.

Penso que as condições para a paz, não estão dadas. Mas é totalmente correto e absolutamente legítimo o ativismo do presidente Lula em torno da bandeira da paz.

E esse é o ponto a destacar da política externa do presidente Lula após 100 das de governo: a volta do Brasil ao mundo. A visita a Washington, os líderes europeus recebidos em Brasília e agora, a visita a Pequim, expressam que o Brasil volta a cena. Será preciso contudo, precisar a “grande estratégia” e adensar os meios para fazer valer nossos interesses.

5) No ciclo dos governos progressistas, houve forte empenho de parcerias em relação à América Latina e Caribe, em especial, à América do Sul. Na sua opinião, hoje, essa prioridade segue necessária ?

Sem dúvida, um dos próximos passos que veremos será a reconstituição da UNASUL. A integração sul-americana é um objetivo de Estado, não é uma questão ideológica, mas do interesse nacional basilar de nosso país. Até por imposição da geografia. Espero que possamos dar passos substanciais nisso.

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Bolsonaro descartou canetas de insulina

Charge Nando Motta
Por Altamiro Borges

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União divulgada na semana passada apontou que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem estoque para apenas mais um mês de canetas de insulina. A escassez da medicação, causada pela política genocida do “capetão” Jair Bolsonaro, pode ser fatal para os pacientes com diabetes do tipo 1 e o governo Lula já anunciou que deverá fazer uma licitação de emergência para conseguir o produto.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é o quinto país do mundo – atrás apenas da China, Índia, EUA e Paquistão – com o maior número de diabéticos: são 16,8 milhões. De 5 a 10% desse total são casos de diabetes tipo 1, mais comum entre crianças e adolescentes. Os pacientes perdem peso, sentem fraqueza e sede constante. Com um pedido médico, a caneta da insulina pode ser adquirida de forma gratuita. Mas a auditoria do TCU constatou que o estoque do SUS, cerca de 190 mil unidades para todo o país, só será suficiente para mais este mês.

R$ 15 milhões jogadas no lixo

Reportagem da Folha de 21 de março revelou que o fascista Jair Bolsonaro descartou 999,7 mil canetas de insulina de ação rápida durante a sua gestão. “Avaliados em quase R$ 15 milhões, os produtos para diabetes perderam a validade de setembro de 2020 a junho de 2021. Os lotes eram parte de uma compra de 4 milhões de tubetes, feita em 2018”. O TCU aponta que “a causa dessa perda foi associada às deficiências no planejamento”. O covil bolsonariano ainda incinerou outros tipos de insulina, além de bomba de infusão e agulhas usadas na caneta.

Mas o desperdício criminoso não ocorreu apenas com a medicação contra a diabetes. Ainda segundo o jornal, “os dados sobre o estoque perdido do Ministério da Saúde, que deixaram de ser sigilosos, ainda mostram que foram descartados 39 milhões de imunizantes contra a Covid, avaliados em R$ 2 milhões. Na gestão Bolsonaro também foram perdidas terapias de alto custo e remédios para pessoas com HIV/Aids, entre outros produtos”.

Em outra matéria, a mesma Folha relata que “cerca de 1,2 milhão de testes para a detecção da Covid venceram em março de 2023 nos estoques do Ministério da Saúde. Avaliados em R$ 42,7 milhões, os produtos são do tipo RT-PCR e também servem para o diagnóstico do VSR (Vírus Sincicial Respiratório) e da influenza A e B. A equipe da ministra Nísia Trindade culpa a gestão Jair Bolsonaro pelo acúmulo de exames com validade curta. Afirma ainda que não teve acesso a dados sobre os estoques durante a transição de governo”.

Ministério Público vai apurar a ação criminosa

Já o ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), Claudio Maierovitch, avalia que o covil de Bolsonaro não estimulou a testagem. “As pessoas tinham muita dificuldade para conseguir fazer teste, o que acho que foi intencional. O Ministério da Saúde e o governo tentaram ao máximo evitar que os números viessem à tona”. Para o médico, “não havia um sistema adequado de gestão de estoques, distribuição e monitoramento”. O fascista era um genocida convicto!

Diante do descarte de tantos produtos essenciais à vida, o Ministério Público Federal abriu um inquérito para apurar os crimes de gestores bolsonarianos. “O MPF vai verificar os atos de improbidade administrativa e danos ao patrimônio. A determinação foi assinada pela procuradora Anna Carolina Resende Maia Garcia. Ela ordenou que o Ministério da Saúde mostre quais os medicamentos foram descartados nos últimos cinco anos por causa do fim da validade. A pasta ainda deve apontar os nomes de responsáveis pela distribuição dos medicamentos... O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) culpa a gestão Bolsonaro pela perda dos medicamentos e vacinas”.

Fonte: Blog do MIro