Por Erick da Silva, do blog Aldeia Gaulesa.
Mudança, como bem apontou a presidenta Dilma Rousseff, foi 
durante estas eleições "a palavra mais repetida, mais dita, mais falada, mais 
dominante foi mudança", no entanto, passadas pouco mais de 48hs do resultado do 
2º turno, essa turma sorridente aí na foto aprovou por maioria a derrubada na 
Câmara do decreto presidencial de Participação Social.
Este episódio mostra mais uma vez que o atual - e provavelmente o futuro - 
Congresso são contrários a qualquer mudança política no país. Seguem a máxima de 
Lampedusa: mudanças somente se forem para continuar tudo exatamente como 
está.
A estratégia da oposição foi criar um clima de chantagem. Os líderes do 
PSDB, DEM e PPS decidiram paralisar todas as atividades da casa, enquanto não 
fosse colocado em votação o Projeto de Decreto Legislativo 1.491/14, de autoria 
do líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), que suspende a validade do 
Decreto Presidencial 8.243/14, assinado por Dilma em maio, que estabeleceu a 
Política Nacional de Participação Social (PNPS).
Embora pertença ao PMDB, o principal partido da base aliada do governo, o 
presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (RN) cedeu à oposição e colocou o 
projeto em pauta na votação da noite desta própria terça. E ainda contou com o 
apoio da bancada do seu partido, a maior da Câmara, para aprová-lo. 
A atitude do PMDB, para além dos aspectos discursivos, mal esconde a 
intenção de vender ainda mais caro o seu apoio ao novo governo Dilma.
Outros partidos mais fisiológicos da base do governo, como o PP, também 
aderiram à oposição. Já os partidos que, concorrendo ou não com candidatos 
próprios, acabaram por apoiar o tucano Aécio Neves no segundo turno das eleições 
presidenciais, como PSB, PDT e PV, também se posicionaram contra a política 
pública de Dilma Rousseff.
Apenas PT, PCdoB, o oposicionista de esquerda 
PSOL e parte do PROS votaram pela defesa do programa do governo. O grupo tentou 
obstruir a votação, adiá-la para daqui a duas sessões e até atrasá-la, votando 
artigo por artigo. Nada surtiu efeito. Perdeu o round.
A retórica dos parlamentares, em geral vazia e alimentada por discursos 
vindos direto dos tempos da guerra fria é por demais enfadonha e não merece que 
percamos o nosso tempo. Afinal, o PNPS regulamenta dispositivos já existentes, 
não criando nenhum "soviet" como um deputado ignóbil acusou na tribuna.
O revanchismo, a estéria e, principalmente, o desejo de criar um 3º 
turno, a partir do Congresso conservador está por trás desta 
votação.
Este primeiro round deixa claro algumas coisa, mas talvez a 
principal delas é de que, sem pressão popular, não haverá mudança alguma no que 
depender deste parlamento. Também expõe os limites intransponíveis de governar 
em sistema presidencialista de coalizão. Sem haver alguma alteração 
institucional, a palavra mudança seguirá sendo apenas uma palavra, nada além 
disto.
Fonte: Aldeia Gaulesa

 
 
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