Embora este caso tenha acontecido numa cidade americana no ano passado, ele levanta algumas perguntas: só mostrar uma imagem violenta, sem contextualizá-la, é suficiente para conscientizar a população? Uma imagem violenta é pra ser engraçada? Então, por que dizer que quem a critica não tem senso de humor?
Uma pequena empresa de marketing de Waco, Texas, queria divulgar sua divisão de adesivos e decidiu tentar uma tática que chamasse atenção. A empresa tirou uma foto de uma de suas funcionárias amarrada e jogada na traseira de uma picape e transformou-a em um adesivo muito realista que foi colocado na porta traseira de uma de suas caminhonetes e fez com que o veículo circulasse pela cidade.
O dono da empresa Hornet Signs, Brad Kolb – que foi quem teve a ideia – disse à estação de rádio de notícias KWTX que seu adesivo chamou um bocado de atenção para o negócio, embora tenha recebido algumas reações negativas. “Eu não esperava as reações que tivemos, nem coadunamos com esse tipo de coisa sob qualquer pretexto”.
É uma afirmação curiosa. Por um lado Kold disse que não tolera violência contra mulheres mas, por outro lado, concebeu e criou um adesivo para veículo ofensivo, ilustrando exatamente isso, e admite que apreciou o aumento nos negócios que isso propiciou.
Acontece que a imagem não traz nenhum alerta sobre o abuso contra mulheres; ao contrário, é usado sem qualquer comentário e tem a intenção de ser uma piada — porque a imagem de uma mulher espancada e amarrada é hilária.
Quando a imagem foi postada na página do Facebook da rádio KWTX, recebeu a esperada mistura de reações de ultraje e desgosto; alguns comentaristas acharam a imagem aterrorizante, e outros acusaram os críticos de não terem “senso de humor”. Outros ainda se perguntavam como explicar a imagem para seus filhos quando estivessem andando pela cidade e se deparassem com ela.
Apesar do adesivo da Hornet Sign ser absolutamente horrível, também está alinhado a uma miríade de outras empresas que gostam de ilustrar a brutalidade contra mulheres, e a apresentam de forma muito casual, frequentemente como a “punchline” de uma piada.
Nos EUA e fora dele a violação de mulheres continua a ser um tema popular, não só na publicidade, mas em todas as formas de cultura popular.
A grande notícia não é que isso esteja acontecendo de novo, mas a resposta à questão: quando isso vai parar?
Fonte: Blog Escreva Lola Escreva
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