Alain de Botton |
O filósofo suíço e ateu Alain de Botton (foto), 41, tem sido contundente ao reprovar o que ele entende ser militância ateísta radical. Em entrevista à Folha, disparou contra Richard Dawkins, o “papa” dos militantes ateus.
“Não adianta o Dawkins ficar repetindo que as pessoas são estúpidas por acreditar em Deus”, disse ele ao jornalista Vaguinaldo Marinheiro. “[Porque] a ciência não resolve algumas coisas das necessidades humanas, como consolo, comunidade, moralidade e compreensão”.
Botton virá ao Brasil em novembro para o lançamento do seu livro “Religião para Ateus” (editora Intrínseca, 274 páginas). Ele vai debater o tema do livro em Porto Alegre e São Paulo.
Ele defende no livro que os ateus precisam aprender como as igrejas -- que por vezes recorrem às artes -- se comunicam com as pessoas e como elas conseguem criar um sentimento de comunidade. No sentido, ele discorre sobre obras sacras, arquitetura e trechos dos evangelhos e do Torá.
"Quando falo que precisamos pegar alguns aspectos bons das religiões, logo [ateus] dizem: ‘E os horrores cometidos pelas igrejas?’. Eu sei da pedofilia, da Inquisição, da morte de inocentes... Mas essa não deve ser a única conversa sobre o assunto."
Botton é também autor, entre outros livros, de “A Arquitetura da Felicidade” e “Como Proust Pode Mudar sua Vida”.
Ele disse que os livros de Marcel Proust (1871-1922) contêm mais sabedoria do que o Novo Testamento. Mas o problema, afirmou, é que hoje dia quase ninguém lê Proust. “Já o ‘Novo Testamento’ continua a vender milhões de cópias.”
Para o filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé, o lançamento do “Religião para Ateus” comprova que o mercado de livros de autoajuda está se sofisticando.
“Autoajuda sempre reúne algo da filosofia, ciência e religião, áreas que são essenciais”, escreveu. “E o filósofo Alain de Botton é um autor de livros de autoajuda chique.”
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