As cinzas que restaram do acidente em que o candidato à Presidência da República do PSB, Eduardo Campos, morreu ainda fumegavam quando seu irmão, Antônio Campos, disse aos dirigentes da legenda, nesta quarta-feira, que a candidata a vice na chapa, Marina Silva, deverá ser a herdeira política do ex-governador pernambucano.
– Eduardo morreu lutando. Temos que colocar Marina para cima – opinou Antônio Campos, o Tonca, como é conhecido regionalmente.
Correntes dentro do partido, no entanto, ainda defendiam a tese de que o substituto deveria sair das próprias hostes, uma vez que Marina e seu grupo, o Rede Sustentabilidade, tem voo solo em determinados pontos buscaram a agremiação apenas por uma temporada.
– O irmão de Eduardo quer que lancemos Marina . Mas há correntes no PSB que discordam e defendem que lancemos um candidato da própria legenda. Marina tem seu próprio grupo, que não é necessariamente o do PSB – disse um dos dirigentes socialistas.
Na realidade, o PSB tem 10 dias para registrar, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um outro candidato no lugar de Campos, após ouvidas as instâncias partidárias. Na véspera, em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, o presidenciável encerrou a conversa com a convocação aos brasileiros:
– Não vamos desistir do Brasil.
Ainda muito abalado, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), disse que é impossível saber o que vai acontecer no âmbito da campanha e que o momento é de total perplexidade e luto.
– No momento oportuno, vamos tomar essa decisão (de quem será o candidato). Estamos muito abalados, e agora que vamos começar a conversar.
É um impacto muito grande. O Eduardo era um candidato competitivo, que representava a esperança para milhões e milhões de brasileiros. É impossível prever o que vai acontecer – disse Rollemberg.
Na Tribuna do Senado, o senador chamou Eduardo Campos de “irmão” e segurou o choro por várias vezes. Emocionado também, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), lembrou a trajetória ao lado de Eduardo Campos em Pernambuco. Ao final, os dois senadores se abraçaram ainda na Tribuna.
Projeções
Para o economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito, ainda é cedo para saber os efeitos da morte do candidato do PSB na disputa eleitoral. Mas, diante do tempo escasso, o mais provável é que Marina Silva ocupe seu lugar na disputa. Segundo relatório divulgado por Perfeito nesta quarta-feira, embora Marina não seja do partido, não seria viável para o PSB lançar outro nome agora.
“É uma situação difícil uma vez que ela está a rigor num partido que não é o dela, será uma escolha traumática para o PSB colocar como líder alguém que está apenas de passagem na legenda. No entanto, devido ao curto tempo até o pleito, não me parece razoável tentar lançar outro nome. O PSB caiu no colo de Marina Silva”, afirma o documento.
O economista pondera, ainda, que é preciso saber se Marina aceitaria assumir o lugar de Campos, uma vez que existem muitas divergências entre os grupos que apoiavam o candidato e sua vice:
“Temos que ponderar se ela vai aceitar a aliança costurada por Eduardo. Sabemos que há posições muito distintas entre o PSB e o Rede, principalmente no tocante ao meio ambiente. A candidata Marina Silva é uma pessoa, como sabemos, de firmes convicções e não será uma escolha trivial para ela assumir a estratégia que Eduardo e o PSB costuraram nos últimos meses.
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