Do Blog Tijolaço, por Carlos Lessa do Valor:
No momento, a presidência da República está submetida ao bombardeio de forças conservadoras – ideologicamente contrárias à industrialização e sustentadoras dos interesses de importadores de veículos – que a acusam de reinstalar o protecionismo industrial. A mídia denuncia o protecionismo brasileiro como um “pecado”(?!), mas esquece que todas as atuais potências do mundo praticaram protecionismo.
Os EUA, maior potência mundial, foram intensamente protecionistas de sua industrialização, e ainda hoje praticam, de forma mais evidente, a proteção de sua produção agrícola e “subsidiam” o avanço científico e tecnológico derivado do maior orçamento militar do planeta, indo da ruptura diplomática à guerra aberta para proteger seus interesses. A China, como potência emergente, pratica, de forma disfarçada, um protecionismo ultraeficiente. As grandes nações europeias e o Japão também praticaram protecionismo durante décadas de suas histórias industriais e protegem de forma explícita suas atividades agrícolas. O discurso contra o protecionismo é o discurso das nações industrializadas e dominantes.(…)
O modesto e tímido passo para reservar o mercado brasileiro para a mão de obra nacional está sendo demonizado. Espero que a presidência não recue: mantenha (e amplie) o protecionismo para o conjunto de outras atividades industriais brasileiras ameaçadas.”
Mesmo com muitas críticas à falta de um projeto de desenvolvimento na condução de nossa política econômica, Lessa joga luz sobre onde estão os interesses desta conversa fiada de “vantagens para o consumidor” na liberação indiscriminada de importações industriais. E adverte, com toda a razão, que a produção nacional não pode ser a simples montagem de componentes estrangeiros, mas gerar valor em uma cadeia produtiva local e inovadora.
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