Vários
desses analistas políticos que ilustram com seu saber as páginas dos jornalões
aproveitaram a eleição municipal e a derrota dos tucanos paulistanos para
defender a instauração do bipartidarismo no país. Segundo eles, não existe
democracia no mundo com tantos partidos funcionando e o sistema de dois partidos, um mais
"progressista" e outro mais "conservador" poderia acabar
com grande parte das mazelas do nosso sistema partidário.
Eles
destacam a influência deletéria das agremiações nanicas, muitos delas simples
balcões de negócios, que vivem apenas para vender seu "apoio" em tempo de
eleição ou fora dele.
Dizem
ainda que com apenas dois partidos a tarefa do eleitor para escolher o seu
candidato ficaria mais simples.
Como
não faço parte desse time de especialistas, não vou me ater em detalhes
técnicos para refutar essa idéia de transformar o mundo político brasileiro num
imenso painel em branco e preto.
Prefiro
apenas observar que o bipartidarismo é uma redução grosseira dos esforços que o
homem vem fazendo através dos séculos para aperfeiçoar a vida em sociedade.
Oportunistas
vão sempre existir, não importa quantos partidos existam.
No
tempo da "gloriosa", o país viveu sob o reinado do bipartidarismo.
A
Arena, sustentáculo da ditadura, chegou a ser chamada de "maior partido do
Ocidente" tal o número de espertalhões e arrivistas que ingressaram na
agremiação.
E
o MDB, o partido "oposicionista", era um guarda-chuva multicolorido,
que abrigava todas as tendências, desde a esquerda então proscrita até
conservadores que estariam muito bem do lado governista se não tivessem, por
razões variadas, sido escorraçados de lá.
O
fato é que o bipartidarismo não funcionou no Brasil. Toda eleição ganhava um
caráter plebiscitário: quem era a favor dos militares votava na Arena, quem era
contra a ditadura, votava no MDB. Pouco importava o candidato, sua história,
sua ideologia política.
Talvez
haja mesmo excessos no sistema partidário brasileiro. Mas se formos ver, das
mais de 30 agremiações que existem, apenas uma meia dúzia delas pode ser
chamada de partido político.
São
essas que contam e são essas que o eleitor deve fortalecer, não apenas votando
nas siglas ou nos candidatos, mas procurando saber as diferenças entre, por
exemplo, o PSDB, que nasceu para representar a social-democracia em nossa terra
e virou a mais frondosa árvore da direita nativa, e o PT, que nasceu para ser
socialista e hoje é 99% social-democrata.
Fonte: Blog Crônicas do Motta
Nenhum comentário:
Postar um comentário