sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A vida em branco e preto



Vários desses analistas políticos que ilustram com seu saber as páginas dos jornalões aproveitaram a eleição municipal e a derrota dos tucanos paulistanos para defender a instauração do bipartidarismo no país. Segundo eles, não existe democracia no mundo com tantos partidos funcionando e o sistema de dois partidos, um mais "progressista" e outro mais "conservador" poderia acabar com grande parte das mazelas do nosso sistema partidário.

Eles destacam a influência deletéria das agremiações nanicas, muitos delas simples balcões de negócios, que vivem apenas para vender seu "apoio" em tempo de eleição ou fora dele.

Dizem ainda que com apenas dois partidos a tarefa do eleitor para escolher o seu candidato ficaria mais simples.

Como não faço parte desse time de especialistas, não vou me ater em detalhes técnicos para refutar essa idéia de transformar o mundo político brasileiro num imenso painel em branco e preto. 

Prefiro apenas observar que o bipartidarismo é uma redução grosseira dos esforços que o homem vem fazendo através dos séculos para aperfeiçoar a vida em sociedade.

Oportunistas vão sempre existir, não importa quantos partidos existam.

No tempo da "gloriosa", o país viveu sob o reinado do bipartidarismo.

A Arena, sustentáculo da ditadura, chegou a ser chamada de "maior partido do Ocidente" tal o número de espertalhões e arrivistas que ingressaram na agremiação.

E o MDB, o partido "oposicionista", era um guarda-chuva multicolorido, que abrigava todas as tendências, desde a esquerda então proscrita até conservadores que estariam muito bem do lado governista se não tivessem, por razões variadas, sido escorraçados de lá.

O fato é que o bipartidarismo não funcionou no Brasil. Toda eleição ganhava um caráter plebiscitário: quem era a favor dos militares votava na Arena, quem era contra a ditadura, votava no MDB. Pouco importava o candidato, sua história, sua ideologia política.

Talvez haja mesmo excessos no sistema partidário brasileiro. Mas se formos ver, das mais de 30 agremiações que existem, apenas uma meia dúzia delas pode ser chamada de partido político.

São essas que contam e são essas que o eleitor deve fortalecer, não apenas votando nas siglas ou nos candidatos, mas procurando saber as diferenças entre, por exemplo, o PSDB, que nasceu para representar a social-democracia em nossa terra e virou a mais frondosa árvore da direita nativa, e o PT, que nasceu para ser socialista e hoje é 99% social-democrata.

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