sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Semovente



Por Walter Hupsel*

Existe uma fórmula fácil de conseguir atenção, praticada a torto e a direito por aqueles que um dia estiveram nos holofotes mas começaram a perder relevância. Apelar para o grotesco, para caricatura, para preconceitos. Subcelebridades abusam destas práticas pra conseguir estampar jornais e revistas. Querem, a todo custo, voltar à ribalta, a tempos idos.
Este fenômeno não acontece só com pessoas, mas, pelo visto, também com publicações que já deram as cartas no Brasil e hoje estão bem longe do seu passado de glória.
Pouca memória é precisa para perceber como a "Veja" foi uma das mais importantes publicações do Brasil e pouca sapiência é necessária para que se perceba que hoje é uma caricatura grotesca que vive na inércia do seu passado, o que lhe garante muita assinatura dos consultórios médicos e de salões de beleza, onde disputa espaço com a "Caras" e a "Playboy".
Sem o impacto que tinha antes, a revista caminha desesperadamente em busca de assuntos que a faça voltar a ser comentada, afinal nem só de capas sobre a dieta do verão vive uma publicação.
Neste desespero por atenção vale tudo pra ser comentada. A última foi um artigo do diretor editorial do grupo Exame e colunista da revista, J.R.Guzzo.
Existe uma fórmula fácil de conseguir atenção, praticada a torto e a direito por aqueles que um dia estiveram nos holofotes mas começaram a perder relevância. Apelar para o grotesco, para caricatura, para preconceitos. Subcelebridades abusam destas práticas pra conseguir estampar jornais e revistas. Querem, a todo custo, voltar à ribalta, a tempos idos.
Este fenômeno não acontece só com pessoas, mas, pelo visto, também com publicações que já deram as cartas no Brasil e hoje estão bem longe do seu passado de glória.
Pouca memória é precisa para perceber como a "Veja" foi uma das mais importantes publicações do Brasil e pouca sapiência é necessária para que se perceba que hoje é uma caricatura grotesca que vive na inércia do seu passado, o que lhe garante muita assinatura dos consultórios médicos e de salões de beleza, onde disputa espaço com a "Caras" e a "Playboy".
Sem o impacto que tinha antes, a revista caminha desesperadamente em busca de assuntos que a faça voltar a ser comentada, afinal nem só de capas sobre a dieta do verão vive uma publicação.
Neste desespero por atenção vale tudo pra ser comentada. A última foi um artigo do diretor editorial do grupo Exame e colunista da revista, J.R.Guzzo.
Numa coluna intitulada "Parada Gay, Cabra e Espinafre",  Guzzo faz um enorme exercício de retórica pra argumentar três coisas.
a) Se as pessoas são tão diferentes entre si, não pode haver um "movimento gay"; b) Que as reivindicações dos homossexuais pode levar a mais ojeriza a eles, que, portanto, devem esperar um caminho natural, "Em vez de gerar a paz, todo esse movimento ajuda a manter viva a animosidade" c) que a velha e caquética lei fala que casamento é só entre homem e mulher e que não se pode casar com uma cabra e nem com outra pessoa do mesmo sexo.
Jean Wyllys já desmontou a retórica do texto, Veja que lixo, mas vou além. O texto visa os homossexuais, mas a tese central é a ode ao imobilismo, à inércia, à manutenção de privilégios, dostatus quo. Torturando a lógica, a história e o dicionário, o texto indica que reivindicar direitos é criar animosidades que atrasa a conquista destes mesmos direitos.
O cidadão de bem, indivíduo diferente de todos os outros, solitário e atomizado, não deveria se juntar a outros com os quais partilha uma agenda mínima de reivindicações, quaisquer que sejam estas coisas pleiteadas.
Ao invés disso, Guzzo acha por bem que os excluídos da cidadania plena esperem, e sentados para não cansar, que a sociedade evolua naturalmente. Não importa que algumas gerações sejam condenadas, que pessoas sejam alijadas de seus direitos básicos. Não. Godot chegará como chegou às mulheres (mais ou menos, como aponta o relatório da ONU), aos negros (bem menos).
O texto torna-se assim um libelo anticidadania, antiatuação política. Não é sequer conservador, é autoritário.
Mas o que chamou mesmo a atenção no texto foi a insana comparação entre comportamento zoofílico e a homossexualidade. Tão pueril e carente de lógica que é, só pode ser considerado como um deliberado escracho, grotesco, preconceituoso que desinforma!
Enfim, como aquela subcelebridade que faz de tudo para aparecer nas revistas de fofoca, que manda o assessor avisar a todos que comprou calcinhas novas numa sex-shop da zona sul do Rio de Janeiro, seu objetivo mais imediato é virar notícia, chamar a atenção, nem que para isso chame uma anta para escrever sobre cabras.

*Walter Hupsel: Blogueiro/Analista político/ Colunista no Yahoo! Brasil/ Professor de Ciência Política e Relações Internacionais


Fonte: Yahoo! Notícias

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